A louca do Clio prata: é dela que os homens gostam
Porto
Alegre, 27 de janeiro de 2015, uma terça-feira. Aproximadamente 8h PM, mas o
céu ainda estava claro. Avenida Ipiranga no cruzamento com a rua Santana, um
dos pontos mais movimentados da capital gaúcha apesar da cidade estar vazia por
conta das férias.
Eu estava
parada na sinaleira deste cruzamento na pista do meio quando na pista da
esquerda parou um Clio prata com um casal dentro. Um casal jovem, não tinham
mais do que 30 anos. Ele dirigia o carro e ela estava no banco do carona. Ela
parecia ser muito bonita, tinha um cabelão liso e bem preto, os olhos grandes e
segurava uma nota de R$ 100,00 pra fora do vidro do carro, que estava
completamente aberto. Achei estranho. Ele, esperando que o sinal abrisse,
segurava um telefone celular pra fora do vidro do carro também, ameaçando
lançar o aparelho no arroio Dilúvio que passava logo ali ao lado. Achei mais
estranho ainda. Ele gritava alguma coisa pra ela que eu não conseguia ouvir
porque as janelas do meu carro estavam fechadas e confesso que tive receio de
abrir, pois o clima entre os dois ali do lado não estava bom e poderia sobrar
pra mim.
De repente
ela pulou para o banco dele para desligar o carro, colocando violentamente a
mão na chave que estava na ignição. Ele tentou impedi-la, mas acho que a fúria
em que ela estava falou mais alto e o Clio prata parou. Ele abriu a porta e
saiu do carro, caminhando sobre a grama na margem do arroio enquanto ela
assumia a direção do veículo e o ligava novamente. O sinal ficou verde pra nós
e precisei arrancar porque uma pequena fila de carros se formava logo atrás. Olhei
pelo retrovisor e vi que ela não havia conseguido dar partida no Clio e que ele
ainda caminhava.
Enquanto dirigia
até em casa, fiquei pensando nos possíveis desfechos praquela cena lamentável
que havia acabado de presenciar e não pude deixar de pensar no meu grupo de
amigas. Costumamos dizer que só as mulheres loucas, possessivas, ciumentas e
barraqueiras como aquela que acabara de ver no Clio, é que se dão bem e arrumam
namorados e maridos. Porque no fundo os caras adoram uma ceninha
cinematográfica, embora jurem de pés juntos que não é nada disso. Jamais, em
hipótese alguma, eu ou as minhas amigas protagonizaríamos uma cena daquelas. Somos
pacíficas, equilibradas, civilizadas. E estamos quase todas solteiras.
Fiquei pensando
que o cara deve ter caminhado mais alguns metros enquanto ao seu lado,
dirigindo o Clio com o vidro escancarado, a menina o seguisse vociferando acusações
e palavras de baixo calão. Em algum momento ela deve ter ordenado que ele
entrasse de volta no carro e óbvio, ele deve ter obedecido. Devem ter se
xingado mais um pouco, depois devem ter ficado em silêncio e por fim, chegando
em casa, devem ter pedido desculpas um ao outro jurando nunca mais fazer
aquilo. E devem ter acabado na cama, o supremo tribunal que reconcilia todos os
casais em litígio porque é exatamente assim que sempre acontece.
Duvido outro
final pra essa história que não tenha sido esse. E enquanto isso, eu e minhas
amigas continuamos solteiras.
1 comentários
Mesmo excluído,eu curti !! kkkkkk Well...grande beijo e boa viagem !!
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