Quando um homem ama uma mulher
Vejo por aí
muitas mulheres casadas ou em relacionamentos sérios, preocupadas com um
possível chifre que possam vir a levar do seu par toda vez que ele sai sozinho
pra noite ou quando simplesmente vai com os amigos pra jogar futebol. O medo de
ser traída ronda os pensamentos femininos 24 horas por dia o ano todo, não há
dia de folga. Muitas, pra evitar que aparafusem objetos pontiagudos em suas
testas (parafraseando meu muso Xico Sá), tomam medidas extremas pra se
proteger: confiscam senhas de redes sociais dos parceiros, revistam bolsos de
calças e casacos e até os impedem de socializar com os colegas de trabalho. Quanta
perda de tempo, ó, meu Deus!
Para tranquilizar
um pouco a paranóia feminina, quero contar aqui duas histórias que vivi numa
mesma noite a alguns dias atrás e que creditam aos homens um pouco mais de
confiabilidade e sensibilidade. Nem todos são os cachorros, mulherengos e
traidores que sonha a nossa vã filosofia. Porque quando um homem ama de verdade
uma mulher, todas as outras com todas as suas artimanhas e feitiços de sedução,
perdem a força da atratividade. Quando um homem ama de verdade uma mulher, ele
não trai. A carne, ao contrário do que se pensa, não é tão fraca assim.
Entrei no
táxi e o motorista, um sujeito que aparentava ter por volta dos seus 40 anos,
falava ao telefone com alguém. “Tá, ja entendi, depois te ligo que to com uma
passageira”, e ele foi logo despachando alguém do outro lado da linha que vim a
saber, se tratava da sua ex mulher com quem viveu casado por 25 anos. Segundo me
contou, ele era muito feliz no seu casamento e amava a mulher e a família que
construíram juntos. Moravam numa casa própria muito boa, viajavam com
frequência, se divertiam e até o sexo continuava bom, apesar de tanto tempo de
relacionamento. Nunca pensou em traí-la. Até que, de uma hora pra outra, ela
começou a desconfiar que ele tinha sim uma amante e estava convicta disso,
embora ele jurasse de pés juntos que no seu dia a dia não existia nem tempo ou
disposição pra isso. Mas ela persistia. Quando ele ia pra fazenda dos pais dela
com o filho pra pescar nos finais de semana, ainda assim, ela achava que ele
estava lá com alguma outra mulher. Ele pediu que ela parasse com isso e disse
que um dia iria cansar dessas desconfianças descabidas e ia se separar dela. Ela
não deu ouvidos e seguiu com a sua paranóia por mais um ano, até que ele por
fim cansou da apurrinhação, pediu o divórcio e saiu de casa. Sofreu, porque
amava a mulher, mas não aguentava mais ser julgado e condenado por um crime que
jamais cometeu. Um tempo depois, ela percebeu que suas suspeitas não tinham
fundamento e tentou reatar. Tarde demais. Ele ja estava feliz na sua vida de
solteiro, mas até hoje ainda paga as contas dela.
Cheguei ao
meu destino e lá encontrei um conhecido casado que estava “descornado” porque a
esposa estava viajando pelo litoral brasileiro com algumas amigas. Ele comentou
que nem olhava as fotos dela curtindo o final de semana livre, leve e solta no
Facebook pra não ficar com ciúme. Me contou que se conheceram há muito tempo e
que ele foi o primeiro namorado dela. Ficaram juntos por um tempo, mas como
eram ainda muito jovens, ele percebeu que ela precisava ter outras experiências
antes de viver feliz pra sempre ao lado dele. Terminaram. Ela ficou com outros
caras, ele com outras meninas, mas no fundo sabia que esse hiato na relação
tinha prazo de validade e que voltariam a ficar juntos porque ele sempre soube
que ela era a mulher com quem ele queria envelhecer. Dito e feito. Reataram o
namoro e há 1 ano se casaram na pompa e circunstância no que ele disse ter sido
o dia mais feliz da sua vida até então. Falava dela com um brilho no olho de
dar inveja e eu até cheguei a pensar: essa menina deve ser mesmo muito
especial. Quisera eu que um dia algum homem fale de mim pra outra mulher da
maneira como ele está me contando a história que eles tem. A festa onde nos encontramos
estava cheia de mulheres à caça de algum partido e ele era um cara bem
interessante. Poderia ter ficado com quem quisesse naquela noite pra aplacar a
saudade e o ciúme da mulher que estava viajando. Mas não. Ao invés disso,
preferiu a companhia dos amigos e foi embora cedo pra casa pra esperar sua
amada que chegaria no dia seguinte.
Mais do que
acreditar no amor, é preciso acreditar em que tá do lado da gente. Mais do que
se preocupar em ser traída, é preciso antes de mais nada, se preocupar em
adubar e cuidar da relação, da história que se construiu. Porque na hora que a
tentação aparecer, o que existe entre duas pessoas deve ser muito mais forte e
atraente do que um decote, uma jogada de charme, uma promessa de sexo inédito. Se
as mulheres focassem mais na manutenção da relação e menos na paranóia da
guampa, teriam maridos e namorados muito mais fieis e viveram mais leves e
felizes. É só isso o que os homens querem.
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