O mapa mundi do amor
Eu já contei aqui há um tempo que sou hostess do programa de CouchSurfing e desde
fevereiro, que foi quando eu entrei pra esse mundo, já hospedei pessoas de três
continentes na minha casa. Ja recebi dois franceses, um americano, uma
brasileira, um neozeolandês e nesse instante uma alemã passa uma temporada por
lá. Quando ela sair, chegarão dois australianos e depois um franco argelino.
Hospedar essa gente toda que é tão diferente de nós é incrível, uma experiência
que abala as estruturas de qualquer um e apresenta novos ângulos de visão sobre
um monte de coisas: cultura, hábitos, valores, idioma, educação, estilo de
vida, consumo, perspectivas e expectativas de vida. Somos todos muito distintos
no que diz respeito à cada um desses aspectos, mas somos todos iguaizinhos num
único ponto: relacionamentos, paixões, amores.
É incrível
perceber que um cara da França reclama das mulheres da cidade dele do mesmo
jeito que um brasileiro reclama de nós mulheres daqui. É também lindo ouvir um
habitante da Oceania descrever em inglês as suas dores de amor, o quanto ele
sofreu e como custou a achar um novo amor de novo depois de ter terminado um
relacionamento. E é mais lindo ainda ver os seus olhos brilharem e o seu
sorriso se iluminar quando ele conta sobre a menina que conheceu há pouco mais
de 6 meses e que ta lá do outro lado do planeta esperando por ele. Ao mesmo
tempo, é triste ouvir um Yankee se queixar que a sua namorada de 20 e poucos
anos o colocou na parede no meio de uma aventura pelo mundo exigindo tudo ou
nada. E tudo ou nada aqui leia-se casamento e filhos. Como é que alguém que nem fez 30 anos ainda e ta dando a
volta na Terra com uma mochila nas costas pode pensar em querer casar e ter filhos
no meio disso tudo?
Somos todos
feitos da mesma matéria, da mesma essência, quando o assunto é amor. Em todos
os cantos do planeta sofremos, nos apaixonamos, jogamos jogos idiotas na mesma
intensidade. Tentamos nos proteger de nós mesmos com medo de sofrer por amor. Choramos nossas derrotas no
campo do relacionamento sempre no ombro do melhor amigo não importa se estamos
em Porto Alegre, no sul da Polônia, no noroeste da Índia ou no centro oeste dos
Estados Unidos. As dúvidas que a gente tem aqui sobre como agir no primeiro encontro, ligar ou não no dia seguinte, são as mesmas
que existem lá na Groenlândia. Aposto que nesse instante deve haver em alguns
vários cantos do mundo mulheres sentadas numa mesa de bar reclamando que ta
faltando homem. E igualmente deve haver homens num iglu no Polo Norte se queixando que suas mulheres já não são
mais tão submissas e carinhosas como antes. Nós não estamos sozinhos. Saber que
outras pessoas em outros lugares remotos sofrem dos mesmos problemas que a
gente é reconfortante e traz um certo alívio.
Ouvindo
todas as histórias que eu ouço dessas pessoas que hospedo e de todos os outros
que vivem aqui ao meu redor, percebo que o que todo mundo quer em qualquer
lugar do planeta é exatamente a mesma coisa: amar e ser amado de forma simples
e leve. E só. Porque na verdade isso é tudo o que importa e o que sobra dessa
vida.
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