Virtual insanity
É
totalmente dispensável dizer que a base das relações humanas atualmente é
fundamentada no mundo virtual. Relacionamentos começam e terminam no ambiente
online e taí o Tinder, aplicativo de celular pra fomentar os encontros, que não
me deixa mentir. Tal tecnologia se auto
conceitua da seguinte forma: “como as pessoas se conhecem. É vida real, porém,
melhor”. Discordo. O Tinder pode ser
tudo, menos vida real e portanto, não pode ser melhor.
Na vida
real tem olho no olho. Tem papo reto. Tem encontros e desencontros. Tem cor,
voz e movimento. Tem arrepio, frio na barriga, perna bamba, beijo na boca e
tudo mais que vem na sequência. Tem emoção, qualquer que seja ela. Acho que
nenhum gênio da computação foi capaz de inventar algo tão bom quanto isso. No
Tinder, ao contrário, sobram fotos de gente usando óculos escuros e mostrando
os músculos ou o carro tunado. Tem autoconceitos baseados em descrições pobres
tiradas de páginas de livros nunca lidos. Tem muita curtida online e pouquíssima
offline. Tem muita pretensão e pouca ação. Convenhamos, não dá pra saber nada à
respeito de uma pessoa para quem você apenas perguntou num teclado frio de um
telefone celular “tudo bem, onde você mora, o que você faz” e esperar que ela
vire o amor da sua vida.
Me pergunto
muito o que será que as pessoas que estão usando o Tinder esperam do aplicativo
ou o quê exatamente procuram ali. O intuito é ficar curtindo fotos e só? É bater
papo online num espaço que não foi projetado pra isso? É julgar pelas aparências
e pelos erros de português frequentemente cometidos nas trocas de mensagens? Ou
é um meio rápido de se aproximar de alguém e tentar, de alguma forma, levar
essa relação pra vida real? Quem sabe então é uma maneira fácil de achar sexo
sem compromisso? Acho que nem pra isso o aplicativo ta sendo útil. Porque até
mesmo pra ter sexo sem compromisso é
preciso passar pra vida offline e não tenho visto isso acontecer com frequência
entre os usuários do sistema.
Dessa
forma, concluo que de nada valem todos esses recursos tecnológicos que
diariamente a indústria despeja no mercado com a promessa de aproximar pessoas,
de promover encontros, se quem faz uso disso não sabe o que quer. E enquanto
isso não acontecer, continuaremos por aí vagando cada vez mais sozinhos embora
tenhamos uma vontade absurda de estar com alguém.
You forgot to mention that it ends here as well.
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