Surf no sofá e como isso pode mudar o mundo
Há bastante
tempo li em algum lugar sobre Couchsurfing, o programa mundial de hospedagem
que oferece para viajantes do mundo todo a opção de ficar em casa de locais. Não
há custo pra quem viaja e nem ganho pra quem hospeda; a ideia é oferecer o seu sofá pra alguém que esteja
de passagem pela sua cidade em troca da possibilidade de conhecer pessoas
novas, praticar algum idioma e ser solidário.
Quando voltei
da Austrália no começo de fevereiro, uma das primeiras coisas que fiz foi me
registrar no programa de Couchsurfing e oferecer um colchão inflável que tenho
em casa pra quem está de passagem por Porto Alegre. Por que eu decidi abrir a
minha casa pra pessoas totalmente estranhas? Primeiramente porque ja tendo
viajado por alguns lugares fora do Brasil, acho que nosso país não está
devidamente preparado pra receber turistas estrangeiros e Porto Alegre menos
ainda. Segundo porque gosto muito de interagir com outras culturas e como nem
sempre sobra tempo e dinheiro pra viajar pra longe, essa é uma forma
interessante de conhecer mais sobre outros países sem sair de casa. Terceiro
porque queria muito melhorar meu inglês e conversar com pessoas que só falam
esse idioma é a melhor maneira de fazer isso, além de ser muito mais barato do
que um cursinho e mil vezes mais enriquecedor. E por último, mas não menos
importante, porque acho que oferecer um simples colchão inflável num quarto de
hóspedes na minha casa é uma maneira diferente de mudar o mundo de algum jeito
através da troca de experiências entre culturas distintas. A partir do momento
em que tenho contato com um cara que veio da França ou uma menina que veio da
Índia, estou mudando o meu jeito de olhar o meu país e como as coisas funcionam
nele. Estou tendo a oportunidade de saber que existem outros lugares nem tão
distantes assim onde as sociedades são mais justas. Estou vendo a vida sob
outro ângulo e oferecendo a mesma possibilidade pra quem se hospeda na minha
casa.
Quem se
dispõe a sair mundo à fora de mochila nas costas e se hospedar no formato Couchsurfing, muito mais do que conhecer lugares e paisagens, quer poder conhecer a
vida como ela é, experimentar de fato a cultura local pela mão dos próprios
habitantes da cidade, sem necessariamente ter que fazer programas que só
turistas fazem e ir a lugares que só turistas vão. E isso faz toda a diferença
numa viagem e numa vida.
Por enquanto
tive apenas dois couchsurfers em casa, mas a experiência tem sido muito válida
até então. Cada um deles me ensinou um pouco sobre os lugares em que vivem, por
onde passaram, como enxergam a vida e tem me ensinado especialmente que o mundo é pequeno e que
sonhos podem sim sair do papel e virar realidade. Muito mais facilmente do a
gente costuma imaginar.
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