Sobre pássaros azuis e outras histórias
Eu poderia
e até gostaria de falar sobre muitas coisas que acontecem nesse momento na
minha vida, mas acho melhor ficar quieta na minha. Não que eu tema os olhares
invejosos que possam vir a melar meus planos futuros, não é isso. Meu santo é
bem forte. Não que eu não queira me expor e falar sobre mim mesma, minhas
angústias, felicidades, temores e amores. Também não é isso. A partir do
momento em que me disponho a escrever um blog não ficcional, automaticamente abro
o livro da minha vida em rede mundial pra que qualquer um possa ler e não vejo
mal nenhum nisso até então. O fato é que duas coisas importantes demais pra
sequência da minha vida aconteceram – vejam só! – exatamente no mesmo dia e ao
mesmo tempo em que me trouxeram um alívio tremendo, me colocaram numa condição desconhecida.
Não sei o que vai acontecer agora.
Sinto como
se tivesse perdida numa cidade desconhecida com um mapa nas mãos cujas direções
não entendo muito bem. Não sinto medo, mas estou paralisada. Sei pra onde devo
ir, mas não posso andar. Fui tomada por um sentimento estranho, mas que não é
ruim. Só é diferente de tudo o que ja havia experimentado até aqui e por isso
me faz querer mover adiante pra ver o que tem guardado ali naquela próxima
curva, naquela esquina. Mas eu preciso esperar, desacelerar os passos e
simplesmente viver um dia depois do outro.
Encerro com
um poema lindo do Charles Bukowski chamado O Pássaro Azul, que é uma metáfora
da minha própria vida nesse instante.
há um pássaro azul em meu peito
que quer sair
mas sou duro demais com ele,
eu digo, fique aí, não deixarei que ninguém o veja.
há um pássaro azul em meu peito que
quer sair
mas eu despejo uísque sobre ele e inalo
fumaça de cigarro
e as putas e os atendentes dos bares
e das mercearias
nunca saberão que
ele está
lá dentro.
há um pássaro azul em meu peito
que quer sair
mas sou duro demais com ele,
eu digo,
fique aí,
quer acabar comigo?
(…) há um pássaro azul em meu peito que
quer sair
mas sou bastante esperto, deixo que ele saia
somente em algumas noites
quando todos estão dormindo.
eu digo: sei que você está aí,
então não fique triste.
depois, o coloco de volta em seu lugar,
mas ele ainda canta um pouquinho
lá dentro, não deixo que morra
completamente
e nós dormimos juntos
assim
como nosso pacto secreto
e isto é bom o suficiente para
fazer um homem
chorar,
mas eu não choro,
e você ?
que quer sair
mas sou duro demais com ele,
eu digo, fique aí, não deixarei que ninguém o veja.
há um pássaro azul em meu peito que
quer sair
mas eu despejo uísque sobre ele e inalo
fumaça de cigarro
e as putas e os atendentes dos bares
e das mercearias
nunca saberão que
ele está
lá dentro.
há um pássaro azul em meu peito
que quer sair
mas sou duro demais com ele,
eu digo,
fique aí,
quer acabar comigo?
(…) há um pássaro azul em meu peito que
quer sair
mas sou bastante esperto, deixo que ele saia
somente em algumas noites
quando todos estão dormindo.
eu digo: sei que você está aí,
então não fique triste.
depois, o coloco de volta em seu lugar,
mas ele ainda canta um pouquinho
lá dentro, não deixo que morra
completamente
e nós dormimos juntos
assim
como nosso pacto secreto
e isto é bom o suficiente para
fazer um homem
chorar,
mas eu não choro,
e você ?
1 comentários
Lu, precisamos conversar! passei ou passando pelas mesmas emoções. Adorei o poema, bjos
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