Give love a chance
Acordei
hoje às 6h da madrugada com uma música do Sting na cabeça. Brand New Day é o
nome e a letra basicamente fala sobre a inutilidade da descrença no amor.
Quantas pessoas você conhece por aí que foram magoadas em algum amor mal
sucedido? Quantas chances você desperdiçou por simples medo de amar e se desapontar? E quantas vezes jurou de pés juntos que nessa “lama” não
se afunda mais?
Arrisco
dizer que a primeira coisa que a gente faz nos nossos centésimos de milésimos
iniciais da vida, antes de abrir o berreiro pra mostrar que nossos pulmões
estão mesmo formados, é amar. A gente olha praquela mulher que nos levou dentro
dela por 9 meses e imediatamente, instintivamente, inexplicavelmente, se
apaixona sem nem saber o que é isso. E então a gente vira
criança e se descobre um belo dia apaixonado pela coleguinha de aula que usa
trancinhas e mesmo na tenra idade perde dias e noites pensando nela, acalentando o sonho ingênuo de morrer ao seu lado bem velhinho.
A vida vai
acontecendo, a gente vai crescendo e seguimos carregando o amor na mochila. Até
que nos apaixonamos de verdade, sofremos a primeira e
supostamente inesquecível decepção e começamos a amaldiçoar o amor. Mas em
sendo jovens nos regeneramos depressa e em seguida nos lançamos no vazio que é
amar sem nem pensar em rede de proteção.
Daí vem a
fase adulta e o amor fica mais sério, envolve mais compromissos,
responsabilidades, expectativas, sonhos muito maiores. Abandonamos a
ingenuidade, a espontaneidade de simplesmente sentir e transformamos o amor num
jogo, que vença o melhor e que óbvio, sejamos nós. As decepções e rejeições que
antes curávamos com facilidade, agora demoram muito mais a cicatrizar. Andamos
por aí mutilados por um longo tempo e nesse período é que de novo amaldiçoamos
o amor e proclamamos na beira do nosso próprio abismo que desse mal não
sofreremos mais. E começamos inutilmente
a nos proteger daquilo que move a vida, que nos faz deitar e acordar todo santo
dia, simplesmente por medo de sofrer.
Engraçado é
pensar que não tememos um monte de coisas realmente perigosas e que podem de
fato nos fazer mal e nos trazer danos irreversíveis e irreparáveis, mas
morremos de medo de amar. Somos capazes de dirigir a 150 quilômetros por hora
numa estrada e ultrapassar onde é proibido sem nem pensar que do outro lado pode
vir uma jamanta e nos abater de frente. Igualmente enchemos a cara de cerveja
por aí e pegamos o carro sem lembrar que podemos nos matar ou matar alguém pelo
caminho. Pulamos de paraquedas sem temer a queda livre até o chão; transamos
sem camisinha esquecendo de todas as doenças que podemos contrair; nos entorpecemos de drogas letais como se fossemos imortais; mas nos
pelamos de medo de amar e sofrer depois. Parece incoerente e de certa forma é.
Talvez pelo
amor ser a coisa mais importante que podemos dar e receber nessa vida é que o
temamos tanto. Talvez por ja termos experimentado a dor dilacerante de um
coração partido é que o protejamos de todas as flechadas. Mas é inútil viver sem amar e muito mais
perigoso do que se entregar de verdade pra esse sentimento.
Uma semana
se passou desde que, depois de curada de uma grande decepção amorosa (mais
uma), ela conseguiu finalmente dizer pra alguém com toda a força do seu coração “eu
te amo”. Não ouviu nada de volta. Pensou novamente em desistir dessa coisa de
amar. Mas não. Agora mais do que nunca precisa tentar outra vez. Porque descobriu
que o amor merece sempre todas as chances.
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