Capitão Planeta e a Princesa da Disney
Caminhava tranquilamente pelo bosque encantado da selva de
pedra ao encontro de seu príncipe encantando. Um príncipe encantando daqueles
que tem cavalo branco, olhos claros, chega sempre com um ramalhete de flores do
campo nas mãos e arrebata o coração da princesa para viverem felizes para sempre como assim está escrito nos
livros infantis.
Seguia pelo caminho a Princesa da Disney com seu vestido
amarelo jujuba e suas sapatilhas de ponta quando perdeu-se no meio da floresta
de túneis verdes, flores psicodélicas e plantas carnívoras. Foi então que surgiu
em sua frente como se tivesse saído do nada ou brotado da terra o Capitão
Planeta, com sua mochila nas costas, sua camiseta de caveiras e seu colchão
inflável. Ofereceu ajuda para guiá-la de volta pelo caminho, entrelaçou suas
mãos com as dela e seguiram em frente desviando de folhas, correndo com os
bichos e imaginando desenhos em nuvens.
Logo anoiteceu, as luzes da cidade apagaram-se todas e o
caminho se iluminou com o brilho intenso das estrelas que faziam as vezes de
pequenas lamparinas no céu. Comeram cogumelos multicoloridos, beberam a poção
do esquecimento e cruzaram o portal azul cravejado de vagalumes que conduzia ao
chafariz de águas rosadas. Sentaram-se nos degraus para contemplar o céu
estrelado. A Princesa da Disney pousou suavemente a cabeça sobre o ombro do
Capitão Planeta e seus dedos navegavam por entre seus cabelos. Ele tinha um
perfume bom. Ela tinha olhos que cintilavam.
Dividiram os raios da lua e o espaço sideral vazio e
silencioso. Riram das histórias da fada madrinha e choraram ao falar dos pais.
Contaram segredos no ouvido. Arrepiaram os pelinhos do braço. Gostaram dos
mesmos gostos. Compartilharam os medos e os planos. Escolheram nomes pros
satélites, fizeram pedidos pra estrelas cadentes. Sentiram a brisa fresca da noite percorrer suas espinhas e fazer
bater mais rápido seus corações.
Logo o galo cantou, as estrelas se apagaram, o céu foi
mudando o tom de azul e o sol raiou no horizonte. A Princesa da Disney sabia
que era hora de partir para reencontrar o caminho até seu príncipe encantado. Não,
não havia como desviar ou traçar outra rota para fazer do Capitão Planeta o seu
príncipe encantando. Ele também precisava seguir seu rumo pelo mundo com sua
mochila, suas caveiras e seu colchão inflável. Colocou-se na ponta dos pés da
sua sapatilha para alcançar o seu corpo alto e abraçar-lhe pelo tempo de uma
eternidade. Despediram-se sem tristeza pois sabiam que era assim que deveria ficar
na lembrança o encontro entre eles: breve, porém, intenso, simples e
libertador.
E então o Capitão Planeta desapareceu por entre os arbustos da floresta tão subitamente quanto um sopro e a Princesa da Disney inspirou fundo ao
encontrar a estrada de ladrilhos de arco íris que a levaria até seu príncipe
encantado. E mesmo tendo ido para lados opostos, eles foram felizes para
sempre.
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