Doação de órgãos - um mini conto
- Vou morrer
e não vou ver tudo.
- Ainda bem, diga-se de passagem.
- Então vou doar
as córneas pra seguir enxergando.
- Tá
maluco? Doo meus
rins, meu fígado, meu coração, meu cérebro se for possível, mas as minhas
córneas essas vão comigo pra bem debaixo da terra. Prefiro que virem banquete
de verme a seguirem por aí, enxergando as bizarrices desse mundo.
Depois que
eu me for não vou mais querer ver, nem que seja através de outro corpo, unhas
com desenhos esdrúxulos em mulheres com mais de 12 anos de idade, tatuagens de
leão marinho que começam no ombro e terminam na coxa, mulher fruta apresentando
programa de TV infantil e faturando alto com isso, foto em espelho postada no
Facebook, gente mal vestida, mulher vulgar e homem marombado, só pra limitar
bem a lista e não me estender no assunto. Porque você sabe, a humanidade é
capaz de bizarrices que até Deus duvida.
Anota aí
então no meu documento: não doador de córneas. Nem morto!
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