Face (not) to face
Começo esse
texto fazendo um mea culpa à respeito do assunto que vou abordar à seguir.
Então sim, estou no estágio avançado de vício e dependência das redes sociais
via telefone celular. Não consigo viver sem meu Iphone e a cada 2 minutos
verifico os post do Facebook e as fotos do Instagram. Feita a confissão, vamos
ao que interessa.
Acessamos
as redes sociais de segundo em segundo pra socializar, fuçar na vida alheia e
de certa forma nos sentirmos próximos de quem tá longe. Um passeio pela
timeline do Facebook é uma maneira de não nos sentirmos sós no mundo, embora
isso possa soar bizarro. Porque apesar de estarmos sozinhos em casa numa tarde
de domingo, estando conectados nos sentimos como se estivéssemos numa mesa de
bar rodeados de amigos, batendo papo furado, rindo da vida. Trazemos pra sala
da nossa casa aqueles amigos que estão longe e até mesmo os que estão perto,
mas que fora do mundo virtual não temos muita oportunidade de encontrar.
Mas daí um
dia você tem a chance de juntar num espaço físico todas essas pessoas que você
costuma encontrar e conversar no mundo virtual das redes sociais e acha ótimo
que finalmente vai poder de fato matar as saudades que sente delas, vai poder
olhar no olho, vai poder abraçar, tocar, conversar usando a boca ao invés dos
dedos, vai rir e se divertir. Ledo engano, my friend. Porque você vai estar lá
com seus amigos e ao mesmo tempo vai estar pendurado no celular acessando o
Facebook pra ver o que está rolando na timeline. E seus amigos vão estar do seu
lado fazendo o mesmo. Todo mundo junto numa mesa de bar e individualmente cada
um no seu mundinho virtual, interagindo no frio espaço de um site. Isso
aconteceu comigo ontem a noite e confesso que foi bem triste e aterrorizante.
Éramos seis pessoas que há um tempinho não nos víamos e apenas uma delas não
tinha um celular na mão. Estávamos todos lá no bar, mas nenhum de nós estava de
fato ali. Nas mensagens que diariamente costumávamos trocar pelo Facebook,
sempre ficava a promessa de “vamos nos encontrar, estou com saudade”, e no
entanto quando essa oportunidade surgiu, desperdiçamos pra seguir conectados no
mundo online. Penso que mesmo se pudéssemos juntar num mesmo lugar físico todas
as pessoas que seguimos e que nos seguem nas redes sociais pra socializar
offline, ainda assim continuaríamos com o celular nas mãos pra não perder
nenhum fato da rede. Triste, bem triste isso.
A conclusão
pra esse post e pra esse fato exposto parece bem óbvia, embora a prática do desapego
ao celular e às redes sociais seja bem árdua e complexa. De novo, isso soa
bizarro, eu sei, mas é fato consumado. Porém, acho que em breve vamos atingir um ponto de
saturação de acessos que vai começar a nos levar pro caminho oposto, que é o de
total abandono desse hábito. Da mesma forma que hoje é cool e legal
cultuar itens do passado (músicas, objetos, roupas), acho que vamos fazer o
mesmo com o mundo virtual: vamos voltar a cultuar e a viver no mundo real de verdade.
2 comentários
Lu, quando tava em Lobitos conheci um cara (Mathew) que tem uma solução interessante para os "encontros pessoais com interferências tecnológicas". Toda a vez que se juntam eles largam os celulares na mesa, quem tocar no celular paga (no caso del) um pound por "tocada". [:)]
ResponderExcluirBoa ideia, Negão! Vou propor no próximo encontro de galera: quem tocar no celular, paga uma rodada de cerveja pro resto da mesa.
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