Bloco do eu sozinho
Depois de
muito tempo, aprendi finalmente a ficar sozinha e a achar isso uma coisa boa
demais. Sempre vivi com medo de ficar sozinha, de não saber o que fazer dos
meus dias, das minhas noites, e
principalmente, dos meus finais de semana. A ideia de passar um sábado a noite
em casa, sem ninguém por perto, sem plano algum, sem amigos, sem namorado, me
aterrorizava. Por isso, muitas vezes fiz coisas que não tava com vontade de
fazer, fui à festas que não queria ir com pessoas que não tava afim de aturar só
pra não ficar sozinha. A idade e o tempo
me fizeram ver que isso é tudo uma grande besteira.
Saí da casa
dos meus pais aos 23 anos e vim morar na capital na casa dos meus tios. Lá fiquei
por mais de 6 meses até que enfim, me senti segura o suficiente e adaptada à
vida na cidade grande pra alugar um apartamento e ir morar sozinha, um sonho de
adolescente. Pouco tempo depois um amigo do interior foi morar comigo e logo em
seguida a namorada dele, que era minha grande amiga. Moramos os 3 juntos num
apartamento de 1 quarto no centro da cidade e que nos finais de semana ainda
recebia outros hóspedes. Foi uma das
melhores épocas da minha vida porque apesar da falta de espaço e de recursos
financeiros, a gente se divertia demais.
Depois que
o casal de amigos saiu la de casa, meu namorado foi morar lá e juntos ficamos
por 4 anos dividindo o teto, até que nos separamos e eu finalmente fiquei
sozinha em casa. Foi difícil no começo porque eu não sabia muito bem como lidar
com a minha própria companhia e nos dias em que não tinha nenhum programa ou
amigo disponível, acabava sofrendo. Mas o tempo foi passando e fui aprendendo a
me reconhecer como uma boa parceira.
Até que fui
morar com meu segundo namorado e depois de um tempo, mais uma vez, nos
separamos e voltei a viver só, só que dessa vez sem o menor temor e achando
ótimo. Pra mim poucas coisas nessa vida são tão prazerosas quanto acordar sem
ninguém num domingo de manhã, preparar um super café e tomar sem pressa alguma,
no maior silêncio que todas as manhãs pedem. Isso depois de ter passado a noite
de sábado no conforto do seu lar, à meia luz, lendo um bom livro enquanto bebe
uma cervejinha gelada. Adoro chegar em
casa no fim do dia e saber que ficarei em silêncio ouvindo meus próprios
pensamentos e conversando comigo mesma. Isso me ajuda muito a me conhecer,
saber o que eu quero da vida, e principalmente, a aprender a não dizer bobagens
em vão.
Recomendo a
todos um período consigo mesmo. Só depois que reconhecemos o valor da nossa
própria companhia é que conseguimos dar valor à companhia dos outros.
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