2 em 1
Todo mundo
tem dentro de si duas vozes que falam sem parar para o bem e para o mal. Não,
não tem nada a ver com dupla personalidade, bipolaridade ou delírios de um
amigo imaginário. Nada disso. É um mesmo eu que tem duas vozes. Vou tentar
explicar melhor: quem aqui tem 30 anos ou mais, ja deve ter assistido um
desenho animado onde o Mickey Mouse acha um gatinho branco super fofo e leva
pra casa e o Pluto, seu fiel e inseparável cão, morre de ciúme e fica tentando
achar várias maneiras de se livrar do tal gato intruso. Em determinadas cenas
do desenho, um diabinho e um anjinho aparecem no ombro do Pluto “dizendo”
coisas no seu ouvido. Lembram desse desenho? Pois então, é desse anjinho e
desse diabinho do Pluto que eu to falando.
Oi, esse é você
Assim como
o cão animado do desenho da Disney, cada um de nós também tem um anjinho e um
diabinho que ficam pendurados no nosso ombro assoprando coisas no ouvido da
gente a todo o instante. Em determinadas ocasiões o do mal fala mais alto e o
nosso coeficiente de probabilidade de fazer “merda” se potencializa. E a gente
diz coisas que não deve dizer, faz coisas que não deve fazer, briga com Deus e
o mundo e se acha na razão. E depois que o diabinho, feliz e satisfeito, se
atira no sofá pra admirar toda a sua obra, o anjinho então se faz ouvir e a
gente se pega pensando nas coisas que fez e que disse e se arrepende.
O desafio
diário – pelo menos o meu – é equilibrar o anjinho e o diabinho dentro da gente.
Porque tem dias que a vontade que dá é de dizimar a humanidade a bofetadas no melhor estilo Anderson Silva. Tem
dias que a gente não se auto-tolera, imagina tolerar o próximo. E nesses dias o lado negro da nossa força vem
com tudo e sai patrolando quem anda na volta sem o menor senso crítico, sem a
menor piedade. Não poupamos mulheres, idosos, gestantes e crianças, embora
tenhamos a nossa fila de prioridades.
Por outro
lado, tem dias em que o anjinho é quem reina e tudo fica bonito e a gente só
tem vontade de fazer o bem. Esse lado angelical e Pollyana (quem tem 30 anos ou
mais sabe quem foi Pollyana) deveria nos governar sempre, deveria nos dominar e
vencer sempre a batalha sangrenta sobre o nosso lado diabólico. O mundo seria
outro se isso acontecesse.
Oi, esse também é você
Enquanto nosso
próprio bem não vence nosso próprio mal, vamos vivendo aos trancos e barrancos
no nosso próprio octágono. Vamos sofrendo, fazendo sofrer, vamos pedindo perdão
e sendo perdoados. O importante nesse nosso embate é que tenhamos a consciência
de que precisamos treinar mais nosso anjinho. Precisamos fortalecê-lo, ensinar
a ele técnicas de sobrevivência na selva e estratégias de combate. Até que um
dia de tanto apanhar, a gente aprende a lutar e conquista nosso cinturão de ouro.
Esses também são você
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