Problemas no trabalho
Como é que
se faz pra separar os dramas da vida pessoal da rotina no trabalho? Quem aqui
ja passou por uma situação pessoal difícil e conseguiu fazer cara de
funcionário do mês na firma? É possível ir trabalhar numa boa e se concentrar
nas tarefas depois de ter passado por um sofrimento monstruoso na noite
anterior ? Dá pra segurar as lágrimas na frente do computador e não ter vontade
de sair correndo do escritório direto pra debaixo das cobertas? Por favor, se
alguém souber como se faz isso eu peço encarecidamente que deixe um comentário
com a sua dica.
Hoje cedo
enquanto me vestia pra vir trabalhar, assiti uma entrevista da Graça Foster que
é a presidente da Petrobrás, explicando a necessidade de aumentar o preço do combustível. E olhando aquela
mulher tão profissional falando com
tanta segurança sobre um assunto de ordem nacional, me perguntei se ao mesmo
tempo em que ela decide quanto vai custar a gasolina no país se não enfrenta um
problemão em casa, se ela não lida com a morte recente de um parente ou um
amigo próximo, se tem uma dívida grande que não consegue pagar (duvido que isso
aconteça com a presidente da Petrobrás), enfim, se ela não ta passando por um
momento dificílimo na vida e mesmo assim, consegue fazer cara de executiva
fodona na frente de centenas de câmeras ou de milhares de subordinados.
Todo mundo
que dorme e acorda diariamente neste planeta, algum dia na vida enfrentou ou
vai enfrentar um problema sério e vai ter que fazer isso ao mesmo tempo em que vai à
reuniões, assinar documentos importantes, operar um paciente, pilotar um avião,
tomar decisões, construir um prédio, projetar uma casa. E dizem os entendidos que
em momentos difíceis o melhor a se fazer é mesmo mergulhar no trabalho pra
tentar pelo menos por um tempo, desviar o foco dos problemas pessoais. Ja tendo
passado por situações bem xaropes na vida, digo com propriedade que não foi o
trabalho que me salvou de todas elas. Ajudou? Claro que ajudou, mas na maioria
das vezes cumpri a minha pauta diária de qualquer jeito e deixando muita coisa
pela metade, já que volta e meia o sofrimento por aquilo que eu estava vivendo
se manifestava no horário comercial. Num
dos Intervalos recentes deixei como dica um texto do Ivan Martins onde ele
escreve exatamente sobre isso: trabalho e sofrimento. Concordo com a opinião
dele quando diz que a sociedade capitalista subestima problemas de ordem
afetiva ou emocional. Faltar ao trabalho porque ta gripado é aceitável, mas
porque terminou um casamento de anos e tá sofrendo o diabo não pode? Assim com
o Ivan também acho que não faz o menor sentido.
Enfim, eu
não tenho uma resposta ou uma receita infalível pra que a gente possa separar
as tragédias pessoais de cada um da rotina diária de trabalho. Não sei como se
faz pra sofrer e chorar no banheiro da firma, e ao mesmo tempo tomar decisões
importantes que podem influenciar drasticamente o destino de muita gente.
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